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      Não gosto de falar no papel da mulher versus o papel do homem, mas considero ser como na política de quotas: é ridículo que as mulheres sejam admitidas onde quer que seja em virtude do sexo biológico, mas, por enquanto, é a única maneira de forçar a abertura a oportunidades iguais.

     A importância de se ter mulheres dedicadas ao movimento monárquico é sobretudo de representatividade e inclusão. Não costumamos ter a preocupação de que haja mais homens que participem politicamente, uma vez que natural ou socialmente se sentem convocados à cidadania ativa e à política informada, mas temos essa preocupação com as mulheres. Porquê?

      Se uma rapariga não vir nenhuma outra no movimento, porque é que há de sentir que este é do seu potencial interesse, que é normal ou socialmente aceite que o integre, ou que o seu sexo biológico não vai pré-determinar a sua participação?

     Podemos facilmente colocar-nos nesta situação se pensarmos como nos sentiríamos se fossemos a única menina na nossa escola. Provavelmente, que não era próprio de uma menina ir à escola, ter interesse no que lá se ensina e a sua prestação não estar pré-determinada pelo seu sexo.

     O meu papel no movimento monárquico é igual ao de qualquer outro menino: desmistificar a monarquia, apresentá-la como alternativa política viável para Portugal, como a melhor opção de regime em democracia, dar a conhecer o Rei dos Portugueses aos mesmos, denunciar a República e mobilizar jovens como eu para que façam o mesmo. O meu género, à partida, não me determina.

    No entanto, sobre todas estas funções, por ser mulher, talvez essa primeira impressão num movimento maioritariamente masculino leve a que outras raparigas se filiem, se sintam bem no dia-a-dia da atividade monárquica, e identificadas quando pensam a liderança do movimento. Além de refletir a real composição do tecido social da sociedade portuguesa, mostra que “o País diz respeito a todos, independentemente do sexo”. Esta é uma mensagem que ainda é precisa, que não está cansada, e já agora, que te desafia hoje a inscreveres-te aqui.

 

Carmo Pinheiro Torres.

 

Alegoria da Monarquia, por Roque Gameiro

 Alegoria da Monarquia, por Roque Gameiro (1864-1935).

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    A questão do regime, em Portugal, tem sido um assunto ausente dos principais meios de comunicação social, o que a torna, de certa maneira, adormecida no debate público. Como tal, quando em conversas mais politizadas, onde a forma de designação do chefe de Estado vem ao de cima, sou recorrentemente confrontado com a pergunta: "mas porque é que és monárquico?" - se bem que duvido que similar interrogação possa ser feita aos - poucos - republicanos convictos que fui encontrando.

    Quando confrontado com essa curiosidade gosto de oferecer um só argumento, e um que seja muito simples, pois convém que nos lembremos que desde os bancos da escola que a ideia de República é associada ao progresso social e à democracia, de uma forma intelectualmente desonesta e que, se tivermos por referência a I República, não resiste a qualquer análise objectiva.

    E o argumento que lanço é o seguinte: o Rei é o melhor garante da democracia - entendida aqui à maneira Ocidental: Constituição, Liberdades, Parlamento. Tal resposta é, parece-me, o completo oposto do que os meus interlocutores estão à espera, habituados àquela associação democracia/república.

    Esta tese que proponho é acompanhada por uma pequena reflexão sobre os poderes constitucionais nas democracias europeias e como, pelo menos dois deles, estão sempre reféns de interesses partidários ou de grupo que, nas repúblicas, afectam, também, a figura do chefe de Estado. Convirá admitir que, do ponto de vista meramente constitucional, quando tudo corre bem, talvez não se sinta como flagrante tal situação; porém o problema ocorre quando o país se vê sujeito a um tipo qualquer de crise: aí, os interesses clientelares vêm à superfície, com dano para o interesse nacional - e o chefe de Estado passa a ser mais um patrono da sua clientela do que uma figura de referência e de estabilidade das instituições políticas.

    Ora, pelo contrário, é evidente que se a designação do chefe do Estado não tiver natureza electiva (leia-se, se for hereditária), tal ofício é subtraído à influência da 'partidocracia' ou dos grupos de interesses: tal circunstância permite que mais se possam rever no trono.

    Depois, tem igualmente importância a estabilidade do cargo e a tendencial longa duração dos reinados - não sujeitos a um contínuo 'tic-tac' eleitoral que antecipa a luta política. Esta estabilidade tende a reflectir-se nas restantes instituições de um país - os Parlamentos passam por menos convulsões, vemos surgir menos fenómenos revolucionários e há uma grande estabilidade constitucional, aspecto essencial para a manutenção dos nossos direitos, liberdades e garantias.

    Aqui chegados, procuro então acompanhar estes desenvolvimentos teóricos com um exemplo retirado da recente história política: com a excepção da Confederação Helvética, todos os países europeus que no ano de 1900 eram Monarquias e, sem interrupção, assim se mantiveram até ao ano 2000 foram democracias; pelo contrário, todos os que enveredaram pelo caminho republicano experimentaram, nesse longo século XX, pelo menos um momento autoritário ou totalitário. Todos! De um lado podemos incluir: o Reino Unido, a Suécia, a Bélgica, o Luxemburgo, a Holanda; já do outro: a Rússia, a Alemanha, a Espanha, Portugal.

    Esta pequena reflexão tem, habitualmente, o condão de começar a derrubar preconceitos e de permitir uma troca de ideias mais frutífera e, sobretudo, mais honesta. No fim, gosto sempre de atirar uma pergunta: “então porque continuas republicano?”.

 

Nelson Marques Nascimento

 

Bandeira de Portugal

 

 

 

 

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       Faz hoje precisamente 874 anos que nasceu Portugal.

     Este é, e será sempre, o meu 5 de Outubro. O meu, porque não me posso dissociar da minha Pátria. Portugal somos todos nós. Sem a sua existência, não existíamos como portugueses. Este é o ponto de partida para a reflexão que agora proponho.

     São 874 anos de história. Confesso que me faz confusão que, numa data como esta, se possa esquecer, oficialmente, o nascimento da nossa origem, dos nossos genes ou da nossa história como Nação, em prol de um regime. Como pode um regime se sobrepor a uma nação?

     Portugal é, mais que tudo, superior aos regimes. Eles são, ou deviam idealmente ser, vontade expressa do seu povo. Infelizmente, como sabemos, o mesmo não acontece em Portugal. A 5 de Outubro, mesmo com todas as dificuldades que a monarquia passava na altura, fez-se da vontade de uma minoria uma imposição à maioria. Passam hoje 107 anos desde essa data, e a imposição continua.

     A República prefere superiorizar-se constantemente. Achando-se dona da verdade, impõe-se a si mesma a todos, impedindo que outra vontade possa ser expressa. Impôs-se sem se validar. Com isso, ela própria nega a sua essência. Se a República se legitima por votos, ela própria se deslegitima impedindo que os portugueses a validem. Ainda que possam existir os mais optimistas, a afirmar com convicção que a república se legitima nas urnas das Presidências, posso claramente afirmar que o Presidente da República é hoje aquele que é eleito por menos de metade do total do eleitorado. Essa minoria subdivide-se em facções. O Presidente de todos os portugueses é então eleito por uma subfacção proveniente de uma minoria. Qual a legitimidade? Qual a legitimidade do regime que constantemente se deslegitima, mesmo indo à sua essência, de se sobrepor ao que nos legitima a todos nós: Portugal, e o seu nascimento?

     Porque Portugal é, e sempre será para mim, maior que tudo o resto, eu hoje dou vivas a Portugal! A minha Pátria que nos faz unos dentro de toda a nossa diversidade. Haverá maior grandeza do que essa?

 

Carlos Sá.

 

Bandeiras de Portugal.jpg

Fotografia de Nuno de Albuquerque Gaspar.

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     João Teixeira Lopes trouxe para a campanha eleitoral do Porto a expressão "direita monárquica". Já a utilizou pelo menos três vezes em entrevistas e declarações.

     Naturalmente que se refere a essa "tendência política", que a existir não é certamente nas eleições para a Câmara do Porto, de forma pejorativa, o que não é de admirar tendo em conta o ódio do Bloco de Esquerda pela direita, mas também pela monarquia (mesmo quando contribui para a saúde democrática de tantos países).

        Esta "arma" encontrada por Teixeira Lopes visa somente aproveitar o imaginário de uma parte significativa do eleitorado que ainda faz a ligação entre monarquia e regimes autoritários, como se os piores regimes autoritários não tivessem sido repúblicas, com o intuito de roubar votos a Rui Moreira e ao PS. Teixeira Lopes quer ser o paladino da democracia, entenda-se de esquerda republicana, da cidade do Porto.

      Ora cumpre-me desanimar o candidato do BE e clarificar a sua tão amada expressão "direita monárquica". Que se saiba a candidatura de Rui Moreira tem monárquicos e republicanos, como também tem pessoas de esquerda e de direita. Dizer que a mesma representa a "direita monárquica" ou é mentir, ou é ignorância. Sim, Rui Moreira é monárquico, mas isso não faz da sua lista o exército da restauração Real em Portugal. Estamos a tratar de eleições autárquicas onde não se discute a natureza do regime. Mais, não esteve o PS a apoiar Rui Moreira durante o mandato? O PS também faz parte da "direita monárquica"? E ainda se pode questionar o seguinte: estará Teixeira Lopes a referir-se à candidatura de Rui Moreira? Não será antes a coligação PSD/PPM a visada? É que esta já se aproxima mais da "direita monárquica", pois é constituída por um partido dito de centro-direita e outro assumidamente monárquico.

     Este tipo de campanha lança a confusão no eleitorado, desviando a atenção para questões ideológicas que em nada estão relacionadas com a gestão de uma cidade. Parece-me que os portuenses preferem a cidade gerida por um executivo capaz de fazer pontes entre as forças políticas, tendo como único fim os interesses do Porto, e não o sectarismo revolucionário que quer fazer da campanha eleitoral, e quem sabe da cidade, campo de batalha ideológico.

 

Diogo Tomás Pereira

 

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        Entre as recordações mais vivas que tenho da infância, a velha sala do meu tio José na casa de Tendais é uma das mais recorrentes. O fascínio não era dedicado à mesa em si, mas aos adornos que encimavam a mesma – duas pequenas esculturas de ferro figurando cavaleiros medievais, em posição de ataque, como se se confrontassem numa justa. A alma da casa e do seu velho dono pareciam revolver no mesmo espírito desta cena – as imagens, tal como o meu tio, enchiam a casa de uma dureza, de um rigor frio e velho, uma espécie de inverno branco que, em conjunto com a luz que entrava pelos cortinados da janela, enche as recordações daqueles dias com uma cor que cega.

       Os corredores gelados da casa de Tendais, especialmente para a mente de uma criança, criaram em mim uma impressão muito forte, que acompanhou na pele os ensinamentos que os homens da minha família, o meu pai, tios e avôs, partilharam comigo. 

       Lições de dever, de coragem, de generosidade, de caridade.

     Levei comigo essas palavras e agucei as minhas conclusões ao longo dos anos. Questionei durante muito tempo os valores familiares. Um deles, o mais pitoresco, a tradição monárquica, foi talvez o que mais abalos sofreu. Enfrentei a dúvida que tantos jovens monárquicos enfrentam: porque razão nos devemos bater por uma ideia que mais não é do que uma afirmação estética, uma diferenciação social que, para os que não sofrem do pedantismo snob da suposta velha aristocracia, é mais prejudicial do que proveitoso?

       A verdade é que a Monarquia não é palco para as vaidades da consanguinidade de sangue azul. A Monarquia não é também, ao contrário do que dizem tantos cientista políticos, um “atenuador” das lutas partidárias das democracias modernas. Isto não são monarquias, são velhas situações.

    A Monarquia é a conclusão do Pensamento, é a Árvore, e a flor desta Árvore é o ideal da Cavalaria.

     Numa coisa os democratas da monarquia têm razão: a Monarquia controla a paixão pelo poder dos poderosos. Mas fá-lo porque substitui essa paixão pelo amor ao serviço da Pátria, pelo amor aos feitos corajosos, pelo amor aos mais fracos e desprotegidos.

   Numa coisa os snobs hemofílicos da monarquia têm razão: a Monarquia enobrece. Mas a Monarquia não enobrece os inúteis e os pedantes, os covardes e irresponsáveis, os que assumem as benesses da sua casta como direitos adquiridos. A monarquia enobrece os que vivem à lei da nobreza. Que nobreza?

     O ideal de nobreza merece ser aperfeiçoado. A nobreza não depende de um canudo universitário ou de um salário milionário – encontra-se em todas as camadas sociais, pertence a todos os grupos profissionais e a todas as actividades que garantem o bem comum na sociedade portuguesa. Encontra-se no estudante que luta por uma bolsa ou por conseguir o dinheiro das propinas, no empregado fabril ameaçado pelo fecho da sua fábrica, no desempregado que todos os dias navega anúncios atrás de anúncios de emprego na Internet.

   Quando tantos e tantos destes homens e mulheres, na sua luta diária, encontram tempo e disponibilidade para dar de si aos outros, é que nos apercebemos que o ideal de cavalaria, aquela dura rigidez do dever, naquela alma de ferro que se demonstra nos mais calorosos actos de amor, de facto existe, mais forte do que nunca, somente à espera de alguém ou algo que lhe dê significado. Esse alguém é, sem dúvida, a monarquia e esse algo é a necessidade de ser monárquico.

 

Manuel Marques Rezende

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      Vivemos num tempo em que mesmo as acções de carácter mais espontâneo e humanitário são passíveis de ser politizadas. A recente manifestação de Barcelona, pela paz, contra o terrorismo, é exemplo disso mesmo, com os movimentos independentistas e republicanos a aproveitarem a visibilidade e a reclamarem-se protagonistas, de tanta audiência, ou mais, quanto as nobres causas da acção.

      Um aproveitamento egoísta, pois não reconhece um único dia em que outros valores e causas comuns possam brilhar isoladamente. Um aproveitamento que é, simultaneamente, desrespeitoso para com as vítimas e os cidadãos e instituições que descomprometidamente estavam presentes. Pergunto-me onde ficou a tolerância em tal espectáculo, que mais não deveria ser do que uma verdadeira manifestação de união e de paz.

      Não é, porém, a sociedade ou a política espanhola que me chama à escrita e muito menos pretendo igualmente politizar o assunto. No entanto, não pude deixar de notar como uma certa parte da imprensa portuguesa enfatizou e ajudou a reduzir a manifestação de Barcelona ao independentismo e à contestação ao Rei.

     Somente através de noticiários estrangeiros tive conhecimento dos insultos, ameaças e violências de que foram alvo os manifestantes que transportavam bandeiras de Espanha, ou de como um grupo da associação de Barcelona Espanya i Catalans teve que sair escoltado pela polícia, ante a fúria dos radicais contra uma simples tarja branca onde se lia, a letras escuras: España contra el terrorismo. ¡Gracias Majestad!.

      Podem ser questões menores numa causa como esta, aceito que mo digam. Todavia, não deixam de revelar bem a posição e as tendências de encobrimento de uma certa imprensa portuguesa, e o quão difícil será o nosso trabalho pela Monarquia e por este País. Não, não existiu só contestação ao Rei; e sim, certo tipo de violência continua a ser demasiadamente bem tolerado, ao ponto de não ser mostrado. Parece que, para determinados assuntos, o melhor ainda é procurar as notícias lá fora. E onde vimos nós já isto?

 

Sobre os factos, leia-se: Sin Complejos - Comunicado Oficial de Espanya i Catalans ante las agresiones recibidas.

(http://www.espanyaicatalans.org/2017/08/sin-complejos-comunicado-oficial-de.html).

 

Jorge António Araújo

 

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