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Foi pensando em vós que me decidi a escrever este livro.
Em vós e em Portugal.
Vós sois o futuro, e para além deste interregno, que já dura há dezoito anos, o dilema de sempre, o eterno dilema – Monarquia ou República? – espera a vossa resposta.
Mais dia, menos dia, ele pode surgir – ele surge com certeza! – numa singular acuidade histórica incompatível com tibiezas, indecisões ou reticências a exigir sem delongas o nosso voto claro, pronto, decidido e firme.
Qual a resposta dos Novos ao dilema? Estão preparados para lhe responder?
República? Monarquia?
Diante destas interrogações estaca o meu espírito preso na sombra de uma dúvida.
Será possível que os Novos se deixem levar, indiferentes e abúlicos, guiados por astuciosos “meneurs” profissionais da política, ao repisamento de uma experiência desastrosa? Mas isso seria abdicar da própria mocidade e desprezar a inteligência das coisas. E eu creio nas excelsas virtudes da gente moça. Sim, eu creio firmemente em vós, Novos, eu que ainda sou novo também!
Confio em que haveis de enfrentar o problema a sério e que, indiferentes a velhos preconceitos, desprezando os estafados lugares comuns, haveis de concluir com a liberdade e a independência próprias de quem põe acima de tudo os imperativos da Razão.
Se somos livres, completamente livres perante os outros e perante nós próprios, o que nos há-de impedir de escolhermos a melhor forma de governo – a Monarquia?
Dentro dela cabem todos os desejos de felicidade colectiva, todos os anseios de justiça social de que anda sequiosa a alma do povo. Mais ainda: só por ela esses anseios podem ter insofismável realização. A Monarquia traz em si, necessária e infalivelmente, uma redentora Revolução, e só a Monarquia tem em si os meios de assegurar e continuar essa Revolução.
Caminhamos para a Monarquia dos Trabalhadores.
Gente nova, em frente!
Um Príncipe, novo como Vós, espera no exílio que a Nação o chame, pronto e preparado para servi-la.
A sua mocidade e a vossa mocidade, oh! Novos, são a única esperança do nosso futuro!
Gente nova! Na hora histórica que se aproxima tendes uma alta missão a cumprir – chamar o Príncipe!
Sede dignos dessa missão que o Destino generosamente vos marcou!
Mário Saraiva – Claro Dilema: Monarquia ou República?, 1944.
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