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     João Teixeira Lopes trouxe para a campanha eleitoral do Porto a expressão "direita monárquica". Já a utilizou pelo menos três vezes em entrevistas e declarações.

     Naturalmente que se refere a essa "tendência política", que a existir não é certamente nas eleições para a Câmara do Porto, de forma pejorativa, o que não é de admirar tendo em conta o ódio do Bloco de Esquerda pela direita, mas também pela monarquia (mesmo quando contribui para a saúde democrática de tantos países).

        Esta "arma" encontrada por Teixeira Lopes visa somente aproveitar o imaginário de uma parte significativa do eleitorado que ainda faz a ligação entre monarquia e regimes autoritários, como se os piores regimes autoritários não tivessem sido repúblicas, com o intuito de roubar votos a Rui Moreira e ao PS. Teixeira Lopes quer ser o paladino da democracia, entenda-se de esquerda republicana, da cidade do Porto.

      Ora cumpre-me desanimar o candidato do BE e clarificar a sua tão amada expressão "direita monárquica". Que se saiba a candidatura de Rui Moreira tem monárquicos e republicanos, como também tem pessoas de esquerda e de direita. Dizer que a mesma representa a "direita monárquica" ou é mentir, ou é ignorância. Sim, Rui Moreira é monárquico, mas isso não faz da sua lista o exército da restauração Real em Portugal. Estamos a tratar de eleições autárquicas onde não se discute a natureza do regime. Mais, não esteve o PS a apoiar Rui Moreira durante o mandato? O PS também faz parte da "direita monárquica"? E ainda se pode questionar o seguinte: estará Teixeira Lopes a referir-se à candidatura de Rui Moreira? Não será antes a coligação PSD/PPM a visada? É que esta já se aproxima mais da "direita monárquica", pois é constituída por um partido dito de centro-direita e outro assumidamente monárquico.

     Este tipo de campanha lança a confusão no eleitorado, desviando a atenção para questões ideológicas que em nada estão relacionadas com a gestão de uma cidade. Parece-me que os portuenses preferem a cidade gerida por um executivo capaz de fazer pontes entre as forças políticas, tendo como único fim os interesses do Porto, e não o sectarismo revolucionário que quer fazer da campanha eleitoral, e quem sabe da cidade, campo de batalha ideológico.

 

Diogo Tomás Pereira

 

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        Entre as recordações mais vivas que tenho da infância, a velha sala do meu tio José na casa de Tendais é uma das mais recorrentes. O fascínio não era dedicado à mesa em si, mas aos adornos que encimavam a mesma – duas pequenas esculturas de ferro figurando cavaleiros medievais, em posição de ataque, como se se confrontassem numa justa. A alma da casa e do seu velho dono pareciam revolver no mesmo espírito desta cena – as imagens, tal como o meu tio, enchiam a casa de uma dureza, de um rigor frio e velho, uma espécie de inverno branco que, em conjunto com a luz que entrava pelos cortinados da janela, enche as recordações daqueles dias com uma cor que cega.

       Os corredores gelados da casa de Tendais, especialmente para a mente de uma criança, criaram em mim uma impressão muito forte, que acompanhou na pele os ensinamentos que os homens da minha família, o meu pai, tios e avôs, partilharam comigo. 

       Lições de dever, de coragem, de generosidade, de caridade.

     Levei comigo essas palavras e agucei as minhas conclusões ao longo dos anos. Questionei durante muito tempo os valores familiares. Um deles, o mais pitoresco, a tradição monárquica, foi talvez o que mais abalos sofreu. Enfrentei a dúvida que tantos jovens monárquicos enfrentam: porque razão nos devemos bater por uma ideia que mais não é do que uma afirmação estética, uma diferenciação social que, para os que não sofrem do pedantismo snob da suposta velha aristocracia, é mais prejudicial do que proveitoso?

       A verdade é que a Monarquia não é palco para as vaidades da consanguinidade de sangue azul. A Monarquia não é também, ao contrário do que dizem tantos cientista políticos, um “atenuador” das lutas partidárias das democracias modernas. Isto não são monarquias, são velhas situações.

    A Monarquia é a conclusão do Pensamento, é a Árvore, e a flor desta Árvore é o ideal da Cavalaria.

     Numa coisa os democratas da monarquia têm razão: a Monarquia controla a paixão pelo poder dos poderosos. Mas fá-lo porque substitui essa paixão pelo amor ao serviço da Pátria, pelo amor aos feitos corajosos, pelo amor aos mais fracos e desprotegidos.

   Numa coisa os snobs hemofílicos da monarquia têm razão: a Monarquia enobrece. Mas a Monarquia não enobrece os inúteis e os pedantes, os covardes e irresponsáveis, os que assumem as benesses da sua casta como direitos adquiridos. A monarquia enobrece os que vivem à lei da nobreza. Que nobreza?

     O ideal de nobreza merece ser aperfeiçoado. A nobreza não depende de um canudo universitário ou de um salário milionário – encontra-se em todas as camadas sociais, pertence a todos os grupos profissionais e a todas as actividades que garantem o bem comum na sociedade portuguesa. Encontra-se no estudante que luta por uma bolsa ou por conseguir o dinheiro das propinas, no empregado fabril ameaçado pelo fecho da sua fábrica, no desempregado que todos os dias navega anúncios atrás de anúncios de emprego na Internet.

   Quando tantos e tantos destes homens e mulheres, na sua luta diária, encontram tempo e disponibilidade para dar de si aos outros, é que nos apercebemos que o ideal de cavalaria, aquela dura rigidez do dever, naquela alma de ferro que se demonstra nos mais calorosos actos de amor, de facto existe, mais forte do que nunca, somente à espera de alguém ou algo que lhe dê significado. Esse alguém é, sem dúvida, a monarquia e esse algo é a necessidade de ser monárquico.

 

Manuel Marques Rezende

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      Vivemos num tempo em que mesmo as acções de carácter mais espontâneo e humanitário são passíveis de ser politizadas. A recente manifestação de Barcelona, pela paz, contra o terrorismo, é exemplo disso mesmo, com os movimentos independentistas e republicanos a aproveitarem a visibilidade e a reclamarem-se protagonistas, de tanta audiência, ou mais, quanto as nobres causas da acção.

      Um aproveitamento egoísta, pois não reconhece um único dia em que outros valores e causas comuns possam brilhar isoladamente. Um aproveitamento que é, simultaneamente, desrespeitoso para com as vítimas e os cidadãos e instituições que descomprometidamente estavam presentes. Pergunto-me onde ficou a tolerância em tal espectáculo, que mais não deveria ser do que uma verdadeira manifestação de união e de paz.

      Não é, porém, a sociedade ou a política espanhola que me chama à escrita e muito menos pretendo igualmente politizar o assunto. No entanto, não pude deixar de notar como uma certa parte da imprensa portuguesa enfatizou e ajudou a reduzir a manifestação de Barcelona ao independentismo e à contestação ao Rei.

     Somente através de noticiários estrangeiros tive conhecimento dos insultos, ameaças e violências de que foram alvo os manifestantes que transportavam bandeiras de Espanha, ou de como um grupo da associação de Barcelona Espanya i Catalans teve que sair escoltado pela polícia, ante a fúria dos radicais contra uma simples tarja branca onde se lia, a letras escuras: España contra el terrorismo. ¡Gracias Majestad!.

      Podem ser questões menores numa causa como esta, aceito que mo digam. Todavia, não deixam de revelar bem a posição e as tendências de encobrimento de uma certa imprensa portuguesa, e o quão difícil será o nosso trabalho pela Monarquia e por este País. Não, não existiu só contestação ao Rei; e sim, certo tipo de violência continua a ser demasiadamente bem tolerado, ao ponto de não ser mostrado. Parece que, para determinados assuntos, o melhor ainda é procurar as notícias lá fora. E onde vimos nós já isto?

 

Sobre os factos, leia-se: Sin Complejos - Comunicado Oficial de Espanya i Catalans ante las agresiones recibidas.

(http://www.espanyaicatalans.org/2017/08/sin-complejos-comunicado-oficial-de.html).

 

Jorge António Araújo

 

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I - A Monarquia do Norte: ideário de pensamento monárquico é o blog de escrita política e filosófica da Juventude Monárquica Portuguesa - Porto (JMP Porto);

 

II - Trata-se de uma plataforma na qual se pretende promover o espírito crítico, a diversidade de ideias, o desenvolvimento teórico e doutrinário, bem como a recuperação de autores e escritos de pensamento monárquico;

 

III - É um espaço construído a pensar na livre e criativa expressão dos jovens que constituem o nosso movimento, incentivando-os a desenvolverem o seu pensamento político, preparando e atraindo as novas gerações;

 

IV - A Monarquia do Norte... tem um conceito experimental e descomprometido, aceitando por isso a participação de autores com ideias e opiniões muito diversas, desde que em respeito pelo espírito da presente declaração de princípios e pela dignidade humana;

 

V - Por ser reflexo de um movimento muito diversificado, a opinião e subjectividade dos autores não pode ser confundida ou tida como sendo a posição oficial da JMP Porto ou de qualquer outro órgão a esta ligada, excepto nos casos em que tal seja claramente referido;

 

VI - Consideramos importante e de valor a divulgação do património doutrinário do movimento monárquico. A recuperação de pensamentos e autores antigos, no entanto, constituindo um exercício filosófico ou de criatividade e fruição, não deverá também ser confundida com uma posição oficial da JMP Porto. Do mesmo modo, o vocabulário e as ideias contidas nos textos que eventualmente venham a ser citados devem ser entendidos nos seus devidos contextos.

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