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É que a Monarquia, pairando acima das dissensões, mais alta e mais forte que os partidos, quando não cria a pátria, é o único princípio que a conserva e glorifica.
António Sardinha - Na Feira dos Mitos.
Celebrou-se no passado dia 9 de Setembro o 130.º aniversário natalício de António Sardinha, um dos mais eminentes pensadores e doutrinadores monárquicos portugueses.
Não o poderíamos deixar de assinalar, ou não fora Sardinha, para além de marco indelével no pensamento monárquico português, um dos intervenientes no célebre movimento da Monarquia do Norte (1919), que dá nome a este blog.
Reconhecendo o valor e mérito do poeta de Monforte, o Sr. D. Duarte Nuno, aquando da sua primeira passagem (clandestina) por terras portuguesas, em 1929, empreendeu uma visita ao local onde este repousa eternamente. Tal momento é referido na obra de Bettencourt e Galvão, a par de uma subjectiva, mas assaz curiosa, caracterização de Sardinha, que não resistimos a transcrever:
Abandonando Vila-Viçosa quis o Senhor D. Duarte visitar Elvas, para fazer uma piedosa romagem ao cemitério de Monforte onde descansa em Deus, António Sardinha, o grande doutrinador monárquico dos tempos novos.
Manuel de Bettencourt e Galvão, O Duque de Bragança, 1945.
Semelhante caracterização não é exclusiva deste autor; Sardinha parece ter tido mesmo o dom de se constituir como referência entre os seus pares e uma influência para as gerações posteriores. Por isso lhe escreve Mário Saraiva a sentida dedicatória de Claro Dilema: Monarquia ou República:
Mário Saraiva, Claro Dilema: Monarquia ou República, 1944.
Registem-se também as palavras de Marcelo Caetano, perfeitamente ilustrativas do estilo de António Sardinha e da esperança que para tantos representou:
O que distinguia Sardinha era a eloquência viva e impressionante com que traduzia as suas ideias.
[...]
Os jovens que o rodeavam ouviam-no deslumbrados. Havia na sua fala acentos épicos, incentivos irresistíveis à acção, a uma acção generosa e iluminada e cujos objectos, esses, estavam largamente doseados do lirismo lusíada.
E a escrever era também assim. Falecido aos 37 anos, a maior parte da sua obra foi precipitadamente escrita num estilo nervoso em plena freima jornalística. Com o mesmo fulgor verbal, a mesma imaginação, o mesmo calor apostólico com que falava.
Quantas vezes pensei no que teria sucedido se António Sardinha não tivesse morrido em 1925!
Marcelo Caetano, Minhas memórias de Salazar, Verbo, 1977.
António Sardinha (em pé), Alberto Monsaraz (à esquerda) e Luís de Almeida Braga (à direita); Espanha, 1920.
Foto: Ana Isabel Sardinha Desvignes, António Sardinha (1887-1925): um intelectual no século, Imprensa de Ciências Sociais, 2006.
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